terça-feira, 22 de junho de 2010

O CONTADOR DE HISTÓRIAS CARLOS DAITSCHMANN

Vejam o site http://www.carlosdaitschman.ato.br

Lindo!!! É do contador de histórias Carlos Daitschmann


"Era uma vez um homem que tinha uma pequena mala.
Onde encontrava pessoas reunidas, parava e contava histórias de monstros, bichos, amores, espantos e desafios, com finais felizes.
Ou nem tanto.
Era de dentro daquela mala que saíram muitos povos, tempos e lugares, todos mágicos, guardados nas histórias que ele lia e contava.
Depois, ele guardava os livros, fechava a mala e ia embora.
E todos ficavam um pouco mais felizes. Para sempre.”

Tia Thereza e “o Bicho”
.......Final de tarde, começando a anoitecer, Tia Thereza foi recolher as roupas no varal. Umas peças que estavam úmidas deixou lá; voltou pra casa, fez uma jantinha, limpou a cozinha e foi deitar. Lá pela meia-noite, acordou com um alarido no galinheiro, acendeu o lampião, abriu a janela que dava pro terreiro e a luz caiu em cima do bicho: pêlo marrom, grosso, sem rabo, com as orelhas compridas cobrindo a cara, andando como se andasse com os cotovelos mas tinha mãos de gente.
.......Tia Thereza ficou ali, grudada no parapeito da janela sem saber o que fazer quando lembrou que a avó dizia: “Quando o bicho aparece, pede pra ví buscá sal no dia seguinte”. “Vem buscá sal amanhã!” O bicho levantou o focinho, a luz do lampião bateu no olho e voltou vermelha, deu um uivo e sumiu no escuro. Tia Thereza fechou bem a janela, viu todas as portas e voltou pra cama, mas quê de dormir.
.......No dia seguinte, foi recolher as roupas no varal e a saia vermelha, a que ela mais gostava estava toda esfiapada. Recolheu as outras roupas e jogou a saia num canto, que nem pra pano de chão servia.
.......Lá pelo meio-dia bateram no terreiro; era um vizinho, bem velhinho. “Pois não, o que é que o senhor deseja?” “A senhora tem um pouco de sal pra emprestá?” Tia Thereza correu na cozinha, pegou uma xícara de sal e entregou pra ele, que deu um sorriso agradecendo. No meio dos dentes dele os fios vermelhos!
.......Tempos depois Tia Thereza soube que ele estava muito doente. Todo dia levava um prato de sopa pra ele, mas logo acabou morrendo e ela nunca soube se porque era muito velhinho ou se porque tinha sido descoberto.
............. .................... ..........História contada por Artur, morador da cidade da Lapa, Paraná.
 

Miolos à Francesa

Ad Libitum - Márcia Folmann
Era 14 de julho.
Foi desde Antonina
que Maria Antonieta
foi parar na guilhotina.
Na noite de Festival
ela se aventurou saber
se era surda tonal.
- Não!, respondeu o músico do Canal,
Você serve para backing-vocal!
Maria aceitou ficar em segundo plano
acomodou-se ao lado do nobre piano
e foi trajando os reis que reinavam em Luís
com vestimentas de revolucionário pano.
Maria conspirava íntimos planos...
seu coração queria mais, pedia bis
queria um movimento allegro de Luís
para fazer dançar seus desenganos.
Qual nada!
Acéfala e decepcionada
assistiu ao rolar da própria cabeça
sob a espada de ilusão decepada.
Restaram alguns miolos frescos...
e certo poemas pitorescos
os quais Antonieta começa a
crer serem mera obra plagiada.
De tanto fazer a corte
levou um corte à francesa
nem rainha, nem princesa,
tornou-se poetisa condenada.

Nenhum comentário: