quarta-feira, 9 de junho de 2010

Clube de Cultura de Porto Alegre comemora 60 anos de existência

            Referência por ser um dos principais incentivadores da cultura Porto Alegrense das décadas de 50, 60 e 70, o Clube de Cultura chega ao seu sexagésimo aniversário. Para comemorar a data, a instituição promove uma série de atividades e apresentações que começam a partir do dia 22 de maio. 
            Duas apresentações de teatro de bonecos abrem a programação no sábado (22) e domingo (23). As peças são “Bonecrônicas”, do grupo Anima Sonho com Ubiratan Carlos Gomes e Cacá Sena e “Plano de Vôo: Histórias de Santos Dumont”, com Tânia Castro e João Vasconcelos do grupo Camaleão. Os espetáculos acontecem as 16 e 18 horas. Com ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00.
            Durante a semana seguinte a programação segue com três palestras: “Kafka e Moacyr Scliar” (24/05) com o secretário municipal de cultura Sergius Gonzaga; “A Arte Contemporânea?” (26/05) com o artista plástico Danúbio Gonçalves; e “Arte e Resistência: Artistas Pró-Diretas” (31/05) com o professor e crítico de arte José Luiz Amaral Neto. Todas as palestras acontecem a partir das 19 horas com entrada de R$5,00.
            Também está previsto na programação dois grupos de debates, ambos com entrada franca. O primeiro grupo trará o tema, “Movimento Musical Gaúcho no Clube de Cultura” (25/05) e terá na mesa de debate César Dorfman, Gelson Oliveira, Nei Lisboa, Nelson Coelho de Castro e Raul Ellwanger.  Já o segundo grupo debaterá sobre “Teatro nos anos 60 do Clube de Cultura” (27/05) e contará com a participação de Aníbal Damasceno, Antônio Carlos Sena, Antônio Hohlfeldt, Dilmar Messias e Marcos Schames.
            Para completar as comemorações, acontece no dia 29/05 a festa de 60 anos do Clube de Cultura, com o Sarau Vinícius de Moraes, MPB ao vivo com Violeiro Só e os Mal Acompanhados com convites à R$15,00. Todas as atividades acontecem na sede do Clube localizada na Rua Ramiro Barcelos, 1853 no bairro Bom Fim.

Uma história invejável

            No início da década de 50, um grupo de quatorze ativistas político-culturais, todos judeus não sionistas, se reuniu com o objetivo comum de criar um espaço onde pudessem compartilhar suas ideologias, desenvolver atividades culturais e se inserir no contexto social de Porto Alegre. Desta união nasce, em 30 de maio de 1950, o Clube de Cultura, espaço que consagrou diversos nomes da música, cinema, teatro, artes plásticas e literatura gaúcha.
            Segundo o presidente e veterano do Clube de Cultura, Hans Baumann, figuras importantes de outros estados também realizaram palestras e exposições lá, a exemplo de Graciliano Ramos, Jorge Amado, Aparício Torelli (Barão de Itararé), Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves e Vasco Prado. Nesta época o Clube também recebeu alguns espetáculos do CPC (Centro Popular de Cultura da UNE) que trouxe montagens de autores como Brecht e Sartre, promoveu show com a jovem cantora Elis Regina e abrigou o Clube de Cinema.
            Com o Golpe Militar de 1964, o Clube de Cultura que tinha uma tendência esquerdista, acabou esvaziando e perdeu quase todos seus mais de 300 sócios. Entretanto, soube driblar a censura e continuou com boa parte de suas atividades fazendo resistência. “Acredito que nessa época o clube virou o maior centro cultural do sul do país em resistência ao Golpe Militar”, afirma Baumann. 
            Depois da abertura política esperava-se o retorno da maioria dos sócios que tinham se afastado durante a ditadura, mas isso não aconteceu, ao contrário, o movimento na sede continuou diminuindo e desde então a instituição enfrenta dificuldades para se manter funcionando. Buscando reverter esta situação e reviver os anos dourados do Clube de Cultura, alguns antigos sócios elaboraram um projeto, coordenado pelo arquiteto César Dorfman, para reformar o teatro da sede.  De acordo com Dorfmam, que frequentou o Clube durante toda infância, a propostas vai além de uma reforma física, pretende também modernizar a “cara” do Clube. “A nossa intenção é reformar o auditório e resgatar a ideia do clube ser um ponto de encontro, de debate e de produção cultural, tanto para os antigos sócios como para as novas gerações”, reforçou. 


Luana Feldens

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