sábado, 31 de maio de 2008

Noticias da Cia dos Ventos - Paraná

Bolsa de Sevilla
De 09 a 18 de maio de 2008 ocorreu em Sevilha/Espanha a XXVIII Feria Internacional del Títere, promovida pelo Teatro Alameda em parceria com a prefeitura de Sevilha. Em paralelo ao festival, ocorreu uma oficina de "Teatro de Papel Contemporâneo" ministrada por Alain Lecucq, tido como um dos maiores especialistas no assunto. Para esta oficina foram concedidas 03 bolsas de estudos para sócios latino-americanos da UNIMA. E eu, Lucas Mattana da Cia dos Ventos/Brasil, fui um dos selecionados e escrevo este relato para agradecer o apoio da APTB- Associação Paranaense de Teatro de Bonecos, ABTB-Centro UNIMA / Brasil e a Comissão para América Latina de UNIMA, sem os quais nada teria sido realizado.

Mas escrevo também para dividir esta experiência como todos os colegas bonequeiros.

SOBRE A OFICINA:
A técnica do teatro de papel foi muito popular na europa, e teve seu apogeu no século XIX, caindo aos poucos em desuso. Alain Lecucq resgatou a técnica e introduziu os temas contemporâneos na dramaturgia. Simplificando as coisas, o teatro de papel de Alain Lecucq consiste na criação de animações utilizando apenas figuras bidimensionais. A manipulação das personagens é extremamente limitada e isso faz com que os espetáculos de papel dependam muito do desenvolvimento visual das cenas e da capacidade de contar histórias do ator-manipulador. Coloco-me a disposição para explicar mais detalhes sobre confecção de personagens e cenários apresentados na oficina.
SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DESTE JOVEM BONEQUEIRO:
O contato com a realidade européia e, principalmente, com os bonequeiros presentes no festival foi transformador e me fez refletir sobre o teatro de bonecos e sobre o movimento bonequeiro.
A primeira coisa foi uma desmistificação da produção estrangeira. Ficou muito claro para mim que a produção brasileira é de qualidade e não fica devendo nada ao que é feito lá fora, isso ficou comprovado pela participação do Grupo Anima Sonhos/RS que se destacou em qualidade dentro do festival.
Outro ponto é a organização dos bonequeiros em torno da UNIMA que na europa é consistente e garante a realização de vários festivais, oficinas e a publicação de livros e periódicos sobre teatro de bonecos.
Com os colegas bolsistas, agora amigos, Julio Perea (México) e Rafael Brozzi (Chile) concluí que a realidade social é praticamente a mesma nos países latino-americanos. Devemos explorar intercâmbios culturais e fortificar as relações entre grupos destes países tão próximos e, às vezes, tão distantes por causa da falta de comunicação.

Alain Lecucq é o atual presidente da UNIMA/França e membro do Comitê Executivo de UNIMA ( Presidente da Comissão de Publicações), com ele entendi que é urgente a criação de um banco de informações atualizado sobre tudo o que acontece no mundo do teatro de bonecos. Um meio democrático e acessível a todos é relativamente fácil de se construir. Segundo ele, somos mais ou menos 6.600 membros da UNIMA em todo o mundo e com avanços tecnológicos como a internet podemos ter um site com informações atualizadas para e sobre todos. A expansão dos horizontes artísticos, culturais e econômicos para todos os bonequeiros é acessível e fácil de se realizar, só depende da vontade de cada um.
Em suma, estas são minhas considerações. Creio que muitas coisas podem ser feitas em benefício de todos. Porém, isso depende de nos organizarmos a começar pela manutenção de uma comunicação verdadeira que busque a troca de experiências e a informação. As ferramentas estão a disposição, é necessário por mãos à obra. Com este relato inicio meu trabalho em este processo e me disponho a participar das ações nesse sentido.

Saudações bonequeiras,

Lucas Mattana
Cia dos Ventos- São José dos Pinhais - PR
www.obonecoeasociedade.blogspot.com

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